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Posted on October 5, 2016

Tome decisões melhores na gestão de eventos com ajuda da neurociência

A gestão de eventos requer a constante tomada de decisões. Os profissionais do setor, independente do seu nível de experiência, constantemente enfrentam situações que põem à prova suas habilidades.

Afinal de contas, por mais que se trate de uma atividade que envolve um grande número de pessoas, há sempre momentos em que se exige a decisão final.

Conhecer o processo de decisão cerebral pode ajudar a encarar melhor essa pressão, um dos fatores que provocam o elevado nível de estresse entre os profissionais do setor.

A neurociência avançou muito no entendimento de como o cérebro funciona nas últimas décadas. Já citamos aqui neste artigo, algumas curiosas descobertas de neurocientistas sobre como combater o estresse com técnicas simples. Porém, as pesquisas realizadas também oferecem um panorama bastante completo da tomada de decisões em si. E essas descobertas desmistificam muito do que consideramos como certo a respeito da maneira pela qual as decisões são tomadas.

Esse é o tema do livro O Momento Decisivo, de Jonah Lehrer, que descreve as descobertas feitas nas últimas décadas pela neurociência relativas à tomada de decisões.

Para começar, ele destaca que as noções filosóficas segundo as quais somos animais racionais – e que as melhores decisões são baseadas nessa premissa – estão incorretas. “… a mente é composta de uma rede confusa de áreas distintas, muitas das quais estão envolvidas com a produção de emoções. Sempre que toma uma decisão, o cérebro está imerso em sensações, motivado por paixões inexplicáveis”.

Errar é bom para o cérebro

A noção de que aprendemos com os erros é amplamente difundida. O que a ciência demonstrou, no entanto, é que as emoções exercem um importante papel nesse aprendizado.

Um exemplo é o estudo realizado pelos neurocientistas Antonio Damasio e Antoine Bechara, no qual os participantes recebiam dois baralhos e uma certa quantia de dinheiro para apostar.

A aposta era feita a cada virada de carta e os participantes desconheciam que um dos baralhos continha cartas de alto risco, enquanto o outro oferecia ganhos maiores. Os cientistas descobriram que, após algumas rodadas, o cérebro começava a identificar o baralho de alto risco. Isso ocorria antes mesmo que o participante houvesse percebido o fato conscientemente.

Esse fenômeno de previsão envolve um sofisticado esquema cerebral envolvendo os centros de prazer do cérebro (núcleo accumbens) e de controle executivo (córtex cingulado anterior). Quando há uma decisão positiva, o núcleo de prazer é inundado de dopamina, mas esse circuito é interrompido no caso de resultados negativos. Dessa forma, são armazenados padrões que servem para situações futuras.

Dica: Sem erros não há como o cérebro estabelecer um padrão adequado de previsão. As pesquisas descritas por Lehrer demonstram que, na prática, é melhor ser esforçado do que inteligente – os seus neurônios precisam de exercício constante!

Razão, a melhor amiga da inovação

O córtex pré-frontal, a área mais recentemente desenvolvida do cérebro, é o grande responsável pelo raciocínio lógico. Ele recebe constantemente estímulos de outros centros, os avalia e, graças a essa característica, pode chegar a soluções originais a partir de contextos variados.

Segundo os neurocientistas, isso é devido à ação da memória de curto prazo ou memória de trabalho, que trabalha com os dados de outras regiões cerebrais. Esses neurônios disparam em resposta a um estímulo externo e continuam disparando por vários segundos após o desaparecimento do estímulo – o que, em termos cerebrais, significa avaliar os dados disponíveis nos demais centros cerebrais.

Em experimentos com quebra-cabeças verbais, ficou demonstrado que o cérebro ativa as áreas correspondentes (no caso, centros da fala e da linguagem). Quando a resposta certa é encontrada, o córtex é ativado – e isso ocorre também quando o participante da experiência não conseguia resolver o problema e era informado da resposta.

Porém, o que as experiências demonstraram também é que, para isso, é necessário haver concentração – que, em outras palavras, seria a capacidade do córtex de distinguir entre os estímulos úteis e inúteis para aquele contexto.

Dica: Quando se trata de tomar uma decisão na gestão de eventos que envolva uma mudança em relação a padrões estabelecidos (emergências são um caso típico), ficar calmo e concentrado vai assegurar uma solução mais adequada ao caso, ainda que menos convencional.

A certeza pode ser sua inimiga

Mesmo as decisões mais simples envolvem algum tipo de “debate” entre os centros cerebrais. Por exemplo, avistar um produto que você deseja adquirir gera estímulo do núcleo accumbens. Mas o seu preço, por sua vez, ativa a ínsula (que produz sentimentos de aversão). Se o preço exposto é menor do que o esperado, o córtex pré-frontal é estimulado, indicando que a decisão de comprar é a mais acertada.

Como se pode ver, esse processo de análise é benéfico e, teoricamente, deveria ser sempre incentivado. Mas não é o que acontece. Em certas ocasiões, o cérebro é condicionado a estimular os centros de prazer através da confirmação de uma decisão anterior. Isso foi verificado com experimentos sobre opiniões políticas: a cada vez que os partidários de um candidato ignoravam seus erros, os circuitos de recompensa eram ativados. O córtex é transformado num filtro que bloqueia pontos de vista discordantes.

Dica: Pontos de vista estabelecidos e rígidos podem ser perigosos. Quando estiver tomando decisões a respeito de questões sobre as quais já tenha opinião formada, resista ao impulso de eliminar o debate. Dê um tempo para perceber o que as partes diferentes do cérebro têm a dizer.

Se é complicado, deixe o instinto resolver

Problemas que requerem muitas variáveis podem deixar o córtex confuso e, na prática, a análise racional não traz benefícios. É o que revelaram pesquisas como as realizadas pelo cientista holandês Ap Dijksterhuis, que colocou participantes para tomar decisões relativas à compra de um carro.

Ele descobriu que, se o número de variáveis fosse pequeno, a decisão consciente era mais eficaz. Os participantes avaliavam as características de cada veículo e definiam qual seu preferido. O outro grupo, levado a decidir sem muita análise, escolhia sempre opções piores.

No próximo experimento, porém, ele aumentou o número de variáveis para a escolha do veículo, complicando o processo de análise.

Os resultados se inverteram: quem escolheu o veículo aparentemente sem muita análise definia opções melhores na ampla maioria dos casos. Isso ocorre porque nem todo o processamento do cérebro chega ao córtex pré-frontal, o que o deixaria inundado de sensações. Assim, o processamento das informações termina por acontecer de forma inconsciente. Você “sente” que uma opção é a correta, mas não sabe explicá-la racionalmente.

Dica: Se precisa tomar uma decisão na gestão de eventos baseada em vários fatores, deixe que seu inconsciente trabalhe. É provável que a decisão correta surja sem que você saiba exatamente porquê.

 

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